"Poderia o espírito de alguém que partiu permanecer "conectado" à algo que "amava muito" quando vivo?"
Segundo o relato a seguir, isso realmente é possível!
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A um tempo atrás eu comprei um carro antigo.
Não é velho, é antigo.
Um Dodge
Dart.
Era o meu sonho arranjar um desde que eu vi um passando na rua de casa,
com aquele motor forte fazendo aquele barulho potente.
Eu juntei o dinheiro e
fui atrás de um. Não foi fácil achar, mas eu finalmente achei um do jeito que eu
queria e comprei.
A viagem para casa foi uma maravilha, o carro não tava 100%, mas tava muito bom.
Ronronava feito um gatinho. Mas tinha alguma coisa para arrumar.
Depois de uma
semana já tinha ido para o mecânico disso e mecânico daquilo e a parte mecânica
do carro tava toda restaurada, uma maravilha! Era girar a chave que o bicho
ligava! E lá fui eu trabalhar com o meu Dojão!
Eu acordei cedo e estava indo para o trabalho, sozinho no carro.
Na metade do
caminho, eu estou olhando para frente e resolvi dar uma espiada rápida no
espelho retrovisor.
No que eu bati o olho eu pisei no freio.
Levei um susto.
Tinha um cara no
banco de trás.
Assim que o carro parou eu abri a porta e pulei pra fora. No que
eu olho para o banco de trás, nada. Vazio. Sem ninguém.
Eu me senti um idiota. Achei que provavelmente devia ter alguma mancha no
retrovisor, mas quando eu entrei no carro e olhei para o retrovisor, não tinha
nada, nem uma manchinha. Estava impecável.
Eu achei que devia ser o sono.
Simplesmente fechei a porta e tentei ligar o carro. Nada. Virava a chave, nada.
Só aquele nheco nheco nheco de carro antigo tentando pegar.
Eu achei estranho,
porque até aquele momento o carro nunca teve problemas para pegar.
Eu girei a
chave de novo e nheco nheco nheco. Nada do carro pegar.
Depois de muito tempo tentando fazer o carro pegar eu desisti e chamei um
guincho, para a minha frustração.
O Guincho chegou, pegou o carro e levou até a
minha casa, onde eu peguei o meu outro carro, mais novinho, e fui trabalhar.
Passei o dia inteiro pensando o que poderia ter acontecido.
Quando eu cheguei em casa, a primeira coisa que eu fui fazer, foi ir mexer no
carro.
Eu entrei nele, coloquei a chave na ignição e girei. O barulho daquele
enorme motor ligando foi imediato.
Pegou sem problema nenhum. Eu achei muito
estranho, mas já que tava funcionando, para que me preocupar?
Resolvi dar uma
voltinha com ele só para ter certeza.
Sai e depois de uma hora eu voltei. Estava
funcionando 100% de novo. No dia seguinte eu ia trabalhar com ele.
De manhã eu tomei o café feliz da vida.
Peguei as minhas coisas, coloquei no
carro, abri o portão, entrei no carro e liguei ele.
O motor pegou na hora! Eu
comecei a manobrar o carro para tirar ele da garagem.
Tudo numa boa, quando o
carro tava lá fora eu fui brecar para ir fechar o portão. Mas o carro não
brecou.
Eu pisei no freio e o carro foi andando. Pisei de novo e nada. Eu
afundei o pé no freio e o carro continuou em frente.
Acabou que o carro bateu
(bem de leve) no muro da casa da frente, e só brecou por causa disso.
Eu fiquei
"P" da vida!
Como é que o carro perdeu o breque da noite para o dia?
Eu empurrei
o carro para a garagem (o que não foi nada fácil) peguei o meu outro carro e fui
trabalhar.
Quando voltei já liguei para o mecânico que tinha visto os freios e falei para
ir me encontrar em casa.
Ele chegou lá, deu uma olhada no carro entrou nele e
falou para mim empurrar aquele monstro para testar o breque.
Assim que ele pisou
no pedal, o carro parou.
Novo teste e a mesma coisa.
Ele ligou o carro, engatou
a primeira e foi em frente. Quando ele pisou no freio, o carro parou na hora. Eu
não sabia o que dizer.
Bem, o mecânico foi embora e eu resolvi deixar o carro na garagem até arrumar o
amassado que tinha feito na frente. Quando eu estava indo para a cama eu resolvi
dar uma ultima olhada no meu garotão. Fui até o banheiro e quando eu olhei pela
janela, vi alguém em pé do lado da janela do motorista com o tronco para dentro
do carro. Eu entrei em pânico. Não tinha o carro não fazia nem um mês e já
queriam me roubar ele! Eu acendi as luzes da casa e desci correndo. Quando eu
cheguei lá, nada. A janela estava fechada e não tinha sinal de alguém ter estado
lá. Eu achei que realmente devia estar precisando dormir.
No final de semana fui levar o carro no funileiro para arrumar o amassado.
Fui
até lá sem problemas. Ele falou que no próximo sábados estaria pronto.
Eu fui
para casa e esperei ansiosamente a semana passar.
No sábado lá fui eu todo
alegre pegar o Dojão.
Cheguei lá e lá estava ele, todo arrumado, pintura
brilhando, impecável!
O funileiro me deu a chave e eu fui para casa com o meu
carrão.
Ele se comportou durante quase um mês sem dar problema nenhum, mas nada dura
para sempre.
Uma noite eu resolvi sair com ele para passear.
Quando eu sai de
casa e olhei para ele, deu para ver alguém sentado no banco de trás dele.
Eu já
achei que era ladrão de novo.
Eu fiquei olhando de longe para ver se era alguém
mesmo.
Parecia ser uma pessoa. Só que quando eu estava olhando um ônibus passou
na rua, e eu consegui ver o ônibus através da pessoa que estava lá dentro!
Aquilo me fez um gelo subir a coluna.
Quando a rua ficou escura de novo, a
figura tinha sumido.
Eu cheguei perto do carro e nada. Ninguém lá dentro.
Eu
achei que devia ter visto o reflexo de algo e me acalmei.
Entrei no carro,
liguei ele e saí numa boa.
Mas eu estava com uma sensação estranha de que eu ia
ter problemas. Mas mesmo assim eu sai com o carro.
Eu estava indo pegar um amigo quando de repente o carro desliga na metade do
caminho.
Não o motor, mas o carro inteiro. Toda a parte elétrica dele. Não
acendia luz nenhuma. Mas o freio funcionou dessa vez.
Eu parei o carro e tentei
ligar ele de novo. Nada.
Nenhum barulho.
Abri o capô achando que algum fio da
bateria podia ter soltado, mas não tinha nada de errado lá.
Estava tudo como
deveria estar. Eu voltei, girei a chave e nada.
Eu já tava começando a ficar
desesperado de novo. Eu encostei no banco e tentei relaxar.
Quando eu olho no
espelho lateral, eu vi o que parecia ser alguém (não deu para ver direito, a rua
estava escura) encostado no carro, quase sentado no porta-malas.
Eu abri a
janela e coloquei a cabeça para fora para mandar desencostar do carro, mas
quando eu olhei lá pra trás, não tinha mais ninguém.
Foi ai que eu comecei a
achar que o carro era assombrado.
Eu já tinha ouvido falar de casa assombrada,
mas carro? Essa era nova para mim.
De novo eu tive que chamar o guincho novamente.
Eu deixei o carro em casa, peguei
o meu outro carro e sai.
Quando eu voltei eu resolvi fazer um teste. Peguei a
chave do Dojão, entrei nele, coloquei a chave no contato e girei.
E aconteceu
exatamente o que eu achava que ia acontecer.
O carro pegou. Todas as luzes
acenderam, o farol, luz de dentro, painel, tudo.
Eu pensei que aquilo já era demais. Não podia continuar daquele jeito. Eu tinha
que dar um basta.
Me sentindo muito idiota eu falei em voz alta:
- Olha, eu não sei quem você é, mas esse carro é meu agora.
Eu comprei ele.
Se
você está preocupado que eu possa estragar ele, não precisa se preocupar, eu vou
cuidar muito bem dele. Só me deixa em paz.
Depois que eu falei isso, ele nunca mais deu problema nenhum.
Nunca tive que
chamar guincho de novo e até hoje não levei no mecânico de novo também.
Ele
acabou ficando mais confiável que o meu outro carro.
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Jarbas - São Paulo - SP - Brasil
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